sábado, 24 de setembro de 2011

Sabões para água fria têm uma recepção fria

Sabões para água fria têm uma recepção friaSabões para roupas recém-formulados podem lavar a maioria das roupas perfeitamente em água fria, dizem os fabricantes. Apesar de esses produtos estarem disponíveis há vários anos, consumidores recorrem ao velho conselho de mãe de que água quente lava melhor – desperdiçando energia e contribuindo para as emissões de gases de efeito estufa.
Mesmo na Alemanha, onde os consumidores tentem a ser mais ambientalmente responsáveis em comparação aos EUA, fabricantes descobriram que sabões para água fria são tão difíceis de ser vendidos que relegaram os créditos – dos benefícios ecológicos incluídos – para as letras miúdas, optando por enfatizar outros atributos.
“Para vender, é mais eficaz focar na remoção de manchas e brancura, performance e preço”, disse Thomas Mueller-Kirschbaum, vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento na Henkel, empresa alemã que produz fórmulas de água fria das marcas Persil e Purex. “Em pesquisas de mercado, quando os consumidores são consultados, eles normalmente não enxergam o benefício imediato de economizar energia”.
É claro, alguns consumidores há muito tempo preferem lavar suas roupas em água fria, para evitar que elas encolham ou que as cores desbotem, e muitos outros lavam roupas escuras ou delicadas no ciclo frio.
Porém, a ideia de reformular sabões em pó para que todos os tipos de roupas possam ser lavados em água fria é relativamente nova, pelo menos na América do Norte e na Europa. (No Japão, consumidores lavam suas roupas em água fria rotineiramente).
Cerca de três quartos do uso de energia e das emissões de gases de efeito estufa vêm do aquecimento da água para lavar roupas – uma prática que, dizem os cientistas, é normalmente um desperdício e desnecessária.
Sabão para água fria têm recepção fria(NYT)
A Procter & Gamble, gigante de bens de consumo, detentora de marcas como Crest e Gillette, além da Tide, recebe o crédito pela inovação na América do Norte, que emergiu de uma avaliação dos registros energéticos da empresa em 2003. Após perceber a quantidade de energia necessária para aquecer a água para lavagens, a empresa estabeleceu o objetivo de converter 70 por cento de todas as lavagens de máquina para o uso de água fria até 2020; de acordo com a expectativa da Procter, 38 por cento das lavagens no mundo são feitas com água fria. Mas ao tentar criar o Tide Coldwater, cientistas da Procter se depararam com um problema: a água quente realmente ajuda a deixar as roupas mais limpas.
Na verdade, a energia térmica é um dos três segredos para lavar roupas, junto com energia mecânica e compostos químicos.
“Quando se reduz um, é preciso melhorar os outros”, disse James Danzinger, cientista sênior que trabalha com sabões na Procter & Gamble.
Então a empresa libera seus cientistas para encontrar novos compostos químicos para compensar e eles criaram um produto, o Tide Coldwater, com enzimas diferentes e surfactantes que funcionam melhor com água fria.
O Tide Coldwater foi introduzido em 2005. Vários concorrentes acompanharam com suas próprias fórmulas para água fria, incluindo o Purex, da Henkel, o Wisk, da Sun Products, e o Biokleen, de uma pequena empresa com o mesmo nome.
Sabões de água fria funcionam? A Consumer Reports classificou o Tide Coldwater entre os principais sabões em pó do ano passado, apesar de alguns de seus concorrentes não estarem tão bem classificados.
A composição química desses novos sabões para água fria, que custa praticamente o mesmo que sabões normais, é “totalmente diferente” do que se encontrava em sabões há uma década, disse Mueller-Kirschbaum, da Henkel.
Alguns chegam a conter compostos químicos que revestem as fibras do tecido, de forma que haja uma menor probabilidade de absorver sujeira no intervalo que antecede a próxima lavagem.
O Tide Coldwater, de longe o líder de vendas dos sabões de água fria, agora contribui com US$ 150 milhões em vendas nos Estados Unidos e US$ 60 milhões no Canadá, de acordo com a empresa. Em comparação, o Tide normal rendeu mais de US$ 1 bilhão em um ano de vendas, apenas em território americano. Kiem Ho, diretor de cuidados de lavanderia na Henkel, previu que sabões de água fria permaneceriam um nicho, a menos que o governo oferecesse incentivos para usá-los ou que a indústria empreendesse uma grande campanha.
Dados de vendas fornecidos pela Henkel mostram que as vendas de sabões de água fria diminuíram 16 por cento nos EUA, no ano passado. Dados da Procter mostram um aumento de 5 por cento, apesar de autoridades da empresa reconhecerem alguma estagnação nos últimos anos.
Na Alemanha, país dotado de usinas eólicas, painéis de energia solar e um Partido Verde que é parte da força política principal, fabricantes de sabão em pó promoveram uma guerra de propagandas, muito anos atrás, depois de criarem sabões que funcionavam igualmente bem em todas as temperaturas, incluindo água fria.
Na televisão e em revistas, em caixas de sabão em pó e garrafas, eles promoveram os benefícios ambientais nos novos produtos para água fria.
Contudo, os sabões permaneceram intocados nas prateleiras.
Sabão para água fria têm recepção fria(NYT)“Nunca cheguei a testá-lo”, disse Ottilie Theis, 53 anos, que estava comprando sabão recentemente em Philippsburg, cidade no sudoeste da Alemanha. “Não acredito que a sujeira e as manchas de sempre possam ser lavadas na água mais fria”.
Mueller-Kirschbaum disse acreditar que a educação do consumidor, não a propaganda, conseguiria mudar o comportamento do consumidor. A temperatura média de lavagem está lentamente diminuindo na Alemanha, aproximadamente um grau por ano, mostram as pesquisas de mercado.
Em uma loja da Target no subúrbio de Nova Jersey, Lara Snyder disse que queria fazer parte da revolução da água fria e comprou o Tide Coldwater. Mas até agora, disse ela, não está preparada para mudar completamente. “Penso que às vezes lavo em água fria”, disse Snyder, “e preciso lavar de novo em água quente”.
Apesar dos desafios, os cabeças da Procter & Gamble não se intimidam.


Novas divulgações estão promovendo as virtudes do Tide Coldwater, e a empresa está trabalhando com fabricantes de máquinas de lavar roupa para melhorar os ciclos de água fria em máquinas de alto desempenho. Em setembro, por exemplo, a marca Maytag, da Whirlpool, está apresentando a Bravos XL, na qual o ciclo frio foi projetado para trabalhar com sabões de água fria.
Os chefes da Procter disseram que foram encorajados por pesquisas da empresa que mostravam que mais consumidores estavam lavando com água fria. Quando o Tide Coldwater foi apresentado em 2005, apenas 30 por cento das lavagens eram feitas com água fria, valor que agora está chegando a 40 por cento.
“Temos pessoas mudando de água quente para fria”, disse Dawn French, diretor de pesquisa e criação de fórmulas de produtos de lavanderia da empresa, na América do Norte. “Mas lavagens em água quente permaneceram estáveis”.
Atualmente, cerca de 7 por cento de lavagens de roupa branca são feitas com água fria, comparados a 22 por cento para roupas leves e 57 por cento para roupas escuras, de acordo com estudos da empresa.
“Se conseguirmos deslanchar, lavagem a lavagem, podemos chegar a 70 por cento”, disse French.
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Jack English, left, a researcher for Procter & Gamble, with washed and unwashed fabric test samples at the compnay's lab in Cincinnati, Aug. 22, 2011. The modest sales of cold-water laundry detergents suggest that skeptical consumers are more concerned about getting the clothes clean than being green. (Tom Uhlman/The New York Times)

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